sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Drama Queen!

Aos 25 anos tenho muita sorte. Mudar de curso teve algumas desvantagens, mas de todas as coisas boas que me trouxe {e que colocam a balança da mudança no lado positivo}, o melhor foram as pessoas.
Na primeira fila, vistosa e com a vida de uma miúda de 18 anos lá estava ela. Não se calava, respondia a todas as provocações e não havia argumento que a derrubasse. Quando não tinha razão, ganhava-a com o seu sentido de humor e capacidade de sorrir para o mundo. Fechava-se na biblioteca horas a fio, e chegava sempre sorridente, ainda que atrasada, a tudo o que era sítio. Ainda hoje é assim:  uma menina, cheia de sonhos e clichés de uma mulher, que, mais do que saber o que quer, sabe o que não quer e que caminhos não seguir!
Encontrei nela a companhia e alegria quando estava sozinha. Encontrei uma amiga, não de sempre, mas para sempre, que mete qualquer um no bolso quando se trata de cuidar dos outros. É ainda mais desorganizada do que eu, confusa e frenética. Tem pilhas durável e aparenta ser durona. Digo-vos, é das pessoas mais dóceis que conheço e toda a gente consegue dar-lhe a volta.
A mim deu-me ela a volta quando decidiu trazer está pitada de loucura aos meus dias.
Chama-se Mafalda e é a minha drama queen.
Adoro-a!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Ao amor, um brinde.

Dizem os entendidos que há diversas formas de amar. Que amamos a família, os amigos e os filhos. Ainda que seja discutível, há uma verdade absoluta: o meu amor por ti. Aquele de paixão, que nos atrai e nos tira a razão. Aquele que nos deixa malucos, de sorriso pateta e de borboletas na barriga.
Não precisas que registe, que diga ou que mostre, mas este amor é mesmo assim, feito de gestos e ações inesperadas e até desnecessárias.
Apetece-me, simplesmente isso. 
Apaixonei-me pela sensualidade do teu olhar e pelo mistério do teu sorriso. Quis a natureza e a magia da genética que a {tua} filha herdasse isso de ti. Conquistaste-me com a amizade e com a força dos teus poucos, mas grandes abraços. Pediste-me a mão e eu dei-te logo o braço e, desde então vamos, pé ante pé tentando, superando e crescendo juntos.
Gosto da adrenalina dos nossos anos juntos e da serenidade que aparentamos na adversidade. Não gosto do teu egoísmo e como {ainda} somos imaturos no modo como discutimos. Sou grata por seres o meu maior confidente e por seres o meu maior pilar nos momentos chave da minha vida. Assim como tu o és, sem o demonstrar, mas és.
Não me lembro da última vez que desligamos da realidade e fomos ser só nós. Mas sei que está para breve, que, como sempre, voltaremos a ter 20 anos e viveremos a loucura da paixão. E mesmo que não esteja para breve, andaremos a viver a loucura de sermos 3 que é tão desgastante mas proporcionalmente tão bom.
Para o bem e para o mal, há uma verdade absoluta: amo-te. Nunca ficarei sem voz por gritar isto vezes sem conta, nem nunca ficarás com a caixa de mensagens inundada com declarações do meu amor. Mas amo-te, nos dias de sol, em que tudo se encontra alinhado e corre como deveria. Mas principalmente nos dias em que o tico e o teco não conjugam e os fusíveis estão extremamente avariados.  
Sei que a tua segurança nunca te permitirá duvidar, mas se algum dia os teus medos te fizerem tremer, pára, respira fundo e olha para mim. Saberás, sem ser preciso uma única palavra, aquilo que sinto por ti e aquilo que quero para nós: "e viveram felizes para sempre", mesmo que esse sempre acabe amanhã.

Ao meu amor por ti, txin-txin!


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Fotografias

Não as tenho organizadas, ínfimas são as que estão impressas. Ando tão ocupada a tentar sugar-te e que cresças devagar que me esqueço de tal coisa.
Assim como nunca me preocupei com a roupa que te vestia, ou se tinhas sopa no canto da boca enquanto comias. Pouco ou nada me preocupei com o que ficaria registado nas máquinas ou nas memórias dos outros. Desenvolvi uma veia egoísta que não tinha em mim, mas continuo convicta da minha mudança.
Não sei se terei mil vídeos para te mostrar como é [foi] ver-te crescer todos os dias e como cada coisa nova é igual a um euromilhões. Não sei se terás fotografias suficientes para dares aos teus amores ou aos amigos e amigas para se rirem. E acredito que um belo retrato de família, será [bem] complicado.
Aos olhos do mundo sou uma mãe despreocupada. Não tirei fotografias todas as semanas durante a gravidez, nem coloquei os cremes como mandam os livros. Não levei a melhor roupa para a maternidade [para mim e para ti. Se tens conjuntos como manda a tradição não é graças a mim]. O teu quarto não estava pronto no dia em que fui para a maternidade, dormiste na alcofa e num colchão durante muito tempo [Na verdade aos 9 meses num colchão voltaste a dormir e foi a melhor decisão de todas]. Voltei a maquilhar-me 4 meses depois para uma entrevista, e desde então acho que coloquei base 5 vezes para ir trabalhar. Comprei-te 2 conjuntos na vida por capricho, sendo que um deles foi para o Natal e parecia que tinha saído o euromilhões a tantas outras pessoas. Não me arrependi, mas tu nunca te lembrarás disso e pouco ou nada contribuiu para a tua felicidade.
Continuo a ser despreocupada, desleixada até, aos olhos do mundo.
Mas sabes filha, sou a melhor mãe que poderias ter. Ser mãe encaixa-me que nem uma luva. É o papel principal da minha vida, e o melhor que poderia ter. Não, não vivo só para ti. Mas és, sem sombra de dúvida, a maior razão de eu viver.
Sou mãe de colo, mimo e de noites sem dormir. Sou mãe de mãos, boca e roupa suja, que acredita que os pêlos do Benji, as folhas das ruas e as pedras do passeio são as fotografias de que necessitas para crescer bem e feliz. Sou mãe de galhofa, palhaçadas, vozes fortes e rir até não poder mais. Sou mãe de objetos que viram brinquedos e brinquedos que ganham pó de tão pouco uso. Sou mãe de teres pingo no nariz dias a fio sem um dia de quarentena. Sou mãe caseira, a favor de rotinas e mais a favor de excepções, desde que vindas de casa e a três. Sou mãe de leituras, grupos e parentalidade positiva, que acredita que em momento algum se bate numa criança. Sou mãe de limites, de poucos berros e gostaria de ser mãe de poucos não's [esta parte é tão complicada, filha!].


Para te dizer, filha, que sou mãe por instinto, de alma e coração.

Posto isto e embora te esteja a sugar até ao tutano, podes, por favor, crescer devagar?

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Viver devagar.

Avançar, devagarinho. Uma coisa de cada vez, em pezinhos de lã, sem alaridos e rodopios. Deixar entrar e entranhar as rotinas, vivê-las, apreciá-las e dar mais um passo. Desligar dos protótipos e do que projetam para nós. Fazer sacrifícios, lutar, e tentar. Dar outro passo. Mas sem culpas ou penalizações, que para isso já existem as catástrofes inesperadas.
Ver em cada situação uma oportunidade e não deixar os medos vencer. Se isso acontecer, tentar amanhã, mais uma vez. Mais um passo dado.
Não há pressas, não existe nenhum comboio ou avião para apanhar, nem o mundo acaba amanhã (até ver!).

Grão a grão, enche a galinha o papo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Setembro!

O mês dos recomeços está aí, entrou em força, como sempre. 
Recomeçar é um dos predicados que melhor me define. Já vivi muitos, não no sentido literal da palavra e não por obra do acaso. Nos últimos anos foram recomeços sem fim, em quantidade (e muitos deles no sentido literal da palavra). Para quem me conhece sabe que sem eles eu não teria sucesso, ou seja, não seria feliz. 
Que este Setembro seja, finalmente, o grande recomeço, com vários projetos pelo meio, mas que dure tanto quanto desejo(amos).
Para o começo deste pequeno projeto nada melhor do que algo relacionado com o meu (nosso) principal foco, o qual temos vivido em pleno: a família.

Carta à minha filha

Filha:
Escrevo-te plea milésima vez, mas esta é a primeira em que a registo. Desde o dia 11 de Dezembro de 2014 foram mil as palavras que te disse em forma de carta, e outras tantas que imaginei.
Sempre gostei de conversar contigo, de te contar o meu dia, como me sinto. Há algo sobre mim que cedo perceberás: sou transparente. Com o tempo espero conseguir moldar esta minha caraterística para não te fazer sofrer. Mas também espero que ela não desapareça para conseguires receber em pleno todos os sentimentos bons que tenho por ti.
Poderia dizer-te que és uma dádiva, mas não acredito em Deus ou que algo mitológica te tenha trazido até mim. Mas és o meu tesouro, embora também não acredite em piratas. Acredito sim que tenho que te proteger, de cuidar de ti e não te largar, visto seres a pessoa mais valiosa do meu mundo.
Serás sempre tu quem me fez mãe. Sê-lo só me trouxe coisas boas. Vivo com o coração nas mãos, e continuo a aprender a gerir toda essa ansiedade. Mas tu és a responsável pela minha calma, a minha serenidade e a minha convicção. És tu a responsável por ter coragem para gerir todas estas emoções.
Quis muito ser mãe, desejei muito ser tua mãe e todos os dias penso como ser cada vez melhor. Mas confesso que é o instinto que me guia. Quero muito que cresças saudável, que nunca tenhas um problema de saúde maior e que os bichinhos não te ataquem muitas vezes o sistema imunológico. Mas quero ainda mais que cresças e sejas sempre feliz. Que voes, experimentes e escolhas. Que tentes, falhes, caias e voltes a tentar. Que consigas, que sintas, que te emociones. E só te consigo ensinar isso com o meu instinto e amor. 
Hoje, e mesmo depois de um ano atribulado, observo-te e tenho a certeza que estou(amos) no caminho certo. Sorris o dia todo, expressas frustração e desagrado, gostas mais do Benji do que alguma vez gostarás de chocolate (espero!) e dás gargalhadas infinitas com o verde das plantas. Se estou, não me largas, mas facilmente te encantas por cães, outros meninos e músicas. É uma animação viveres com a avó Fátima e os teus olhos brilham quando chamamos o Dé. Pedes colo a toda a hora e quando não pedes queres correr sem saber (ainda) andar Ficas louca com passeios na rua e não desistes enquanto não te derem água, ou então um biberon bem cheio de leite (quem diria, sua "viciada em maminha"!). 
É um privilégio ver-te crescer. Enche-me o coração cada novo bater de asas que dás. És a minha borboleta. Por isso, voa, voa até onde quiseres ou o vento te levar,(mas cresce devagarinho, se faz favor).

Um xi-coração,

Mãe